quarta-feira, 18 de março de 2015
12:26
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Adriana de Jesus Fogaça
Título: Malditos Paulistas
Autor: Marcos Rey
Editora: Companhia das Letras
Ano: 2003
Comprar: Nos seguintes sites: Americanas, Submarino, Livraria Saraiva, Livraria Cultura e Livraria Folha
Resenha:
O que se espera de uma autor que faleceu em 1999, aos 74 anos, que teve suas cinzas espalhadas pela cidade de São Paulo por um helicóptero. Não há dúvidas que Marcos Rey, pseudônimo do paulistano Edmundo Donato, é "O" autor de São Paulo.
Praticamente quase todos os livros deste paulistano, não deixam de ser uma homenagem a cidade. Em o Malditos Paulistas não é diferente. A ironia é que a história é narrada por um carioca.
Raul que sempre sonhou com um belo emprego público, mas infelizmente não tem nem ginásio completo, apadrinhamento ou cartuchos para realizar o sonho. Com a falta de um emprego estável, ele já foi taxista, motorista de ônibus escolar, salva-vidas em Ipanema e cabo eleitoral.
Quando se muda para São Paulo, enquanto se ambienta a nova realidade, trabalhou numa casa de jogos eletrônicos. Até que surge uma vaga como motorista particular de um empresário italiano que mora no Morumbi.
É neste momento que nosso anti-herói vai começar a maior aventura de sua vida. Cheia de peripécias amorosas e investigações a respeito dos negócios escusos de seu patrão.
RECOMENDADÍSSIMO!!!
Contra Capa:
Por cinco salários mínimos mensais e um quarto de dormir, o carioca Raul torna-se motorista dos Paleardi, clã italiano com respeitável trajetória na indústria paulista que acaba de entrar no ramo de "comprar e vender". Misteriosos e idiossincráticos, deslizando pela cidade a bordo de carrões cinematográficos, os patrões deixam o novo motorista num misto de entusiasmo e desconfiança.
São belas, as mulheres que circulam pela Mansione Paleardi, a começar pela empregada Lucélia, com seus atributos físicos dignos de um "outdoor do Biotônico Fontoura". Terreno perigoso para um sedutor incorrigível como Raul. Os obscuros negócios que são fechados à beira da piscina, regados com gim-tônica e altas doses de ironia, também vão chamar a atenção do carioca, além de lhe causar alguns transtornos.
O humor está em cada página deste romance, e vai dosado nas suas mais diferentes tonalidades: sarcasmo, absurdo, galhofa, mordacidade, picardia, histrionismo ou a diversão mais descompromissada - marcas indefectíveis de Marcos Rey e seu notável talento para contar boas histórias.
Sinopse:
Um carioca malandro tenta a vida como motorista de bacana em São Paulo e, num dia o Alfa Romeo, noutro dia uma Bugatti, troca também de mulheres enquanto decifra o que o patrão trafica dentro da barriga de marionetes vestidas de Carmen Miranda. Eis o mote de Malditos paulistas. Marcos Rey foi o mais completo tradutor em prosa do que é ser paulista, viver em São Paulo - é dar graças a Deus, com espírito é bom humor, por tamanha felicidade. É ficção pura, mas com forte pulsação de vida. Você já viu essa gente e esses lugares. " Realismo crítico", rotularam alguns sabichões. Pode ser.
Malditos paulistas, como toda a obra de Marcos Rey, vê o mundo a partir de seus marginais, mas não só daqueles que se encaixam no sentido policial do termo. Dessa vez, ele radicalizou. Por mais que grande parte das cenas transcorra dentro de uma mansão no Morumbi, são todos fracassados, golpistas, trapaceiros, infelizes tentando se dar bem, trocar de lado e passar para a margem certa da sorte. Um romance policial, mas no estilo Marcos Rey. Morre-se pouco. No lugar das balas, a arma é o humor. Calibre fino. Deixe a cabeça na frente, sem preconceitos.
Rey desenvolve um estilo único, que consegue ser popular, repleto do calão serelepe e coloquial das ruas, e ao mesmo tempo arquitetado nas manhãs de quem tem o mais sofisticado controle do ofício. Um mestre. Juntou crítica e povão na mesma platéia, um pulgueiro qualquer no Bexiga, e conciliou o prazer da diversão e da boa leitura. Malditos paulistas é exemplo de ponta desse talento.
Os personagens principais, serviçais do mafioso Duílio Paleardi, movimentam-se com diálogos curtos, cínicos, sempre com verbos apressados e cheios de vontade de chegar logo ao que interessa. E o que interessa aqui também é contar uma aventura atrás do broche azul com que o mafioso adorna suas mulheres. Literatura em imagens, disse outro sabichão. O.k.
Marcos Rey descreve uma incrível cena de sexo na piscina do Morumbi entre o motorista Carioca e a vedete negra que Duílio tirou de um inferninho para lhe pendurar a tal jóia no peito. Logo em seguida, Rey guia para o sórdido ambiente de truques baixos nas biroscas de pôquer e 21 nas Docas de Santos. Mergulha-se no Guarujá. É uma viagem de estilo pela bendita paulicéia - e o motorista, o que dirige as palavras, não podia ser melhor. Pegue essa carona.
Joaquim Ferreira dos Santos
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